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Para algumas editoras, investir em escritor brasileiro é um “favor”

sábado, 23 de junho de 2012

(Desabafos de uma escritora – Parte II)
Por Janethe Fontes


Todos que me acompanham ou que acompanham qualquer escritor brasileiro “novato” sabem da luta que se trava para conseguir publicar um livro. Não é fácil. Nada fácil. Mas a persistência é o único caminho a trilhar para quem se atreve a tentar adentrar no mundo literário.

Editoras em geral não apostam suas fichas, leia-se dinheiro, em escritores “desconhecidos”, preferem, obviamente, investir em livros que já são “sucesso” pelo mundo afora (que geralmente são de autores internacionais) ou em autores que já tenham “renome” no mercado literário (o que são poucos, venhamos e convenhamos!!).

E não importa o assunto do livro, se é de interesse da sociedade ou de simples entretenimento para a garotada, a dificuldade é a mesma. O autor leva anos para conseguir convencer um editor a apostar em seu trabalho (quando consegue, óbvio!!), mas, mesmo quando esse “milagre” acontece, raramente esse mesmo editor trabalha com “afinco” na divulgação do livro. Embora todos saibam de antemão que a “saída” de qualquer livro depende exclusivamente do processo de divulgação, pois, como disse o também escritor Éderson Rafael em seu artigo intitulado O próximo best-seller, “um livro, para ser bem sucedido, precisa agradar às massas, falar com elas, fazer com que elas se identifiquem. E essa é a parte fácil, a qual posso dizer que consigo, com trabalho duro e profissionalismo, alcançar sem problemas – e nem poderia ser diferente, se pretendo ter uma carreira literária longa e feliz. Mas uma obra que tenha isso tudo só consegue vender mesmo com divulgação ostensiva, distribuição impecável, presença de destaque em livrarias e preço compatível, ao melhor estilo “dinheiro chama dinheiro”. Viu como é simples, ainda que caro?” (Nota: os grifos são meus).

Mas este não é mais um artigo para reclamar das editoras em geral, mas sim para falar de uma experiência recente minha com uma editora que diz ter como objetivo “trazer o melhor da literatura nacional”, mas que na verdade é apenas mais uma editora “comercial”. E apesar de fugir por léguas de editoras “comerciais”, essa “editora” (que não vou citar o nome por uma questão de ética) me pareceu bastante interessada em um dos meus livros (Sentimento Fatal) e conseguiu me seduzir com uma proposta onde eu pagaria apenas os custos para revisão ortográfica, diagramação e capa, ou seja, os custos para impressão do livro seriam arcados pela editora, e ela ainda me repassaria 10% da tiragem em livros para que eu fizesse o lançamento e tirasse meu custo inicial.

A princípio, gostei bastante da idéia, mas ainda relutei por um tempo porque o chamado “custo inicial” estava um pouco salgado para o meu bolso, e porque minha expectativa é conseguir uma editora que aposte 100% no meu trabalho (tal como aconteceu com meu primeiro livro: Vítimas do Silêncio). Porém, acabei considerando a idéia viável e negociei a forma de pagamento com a editora. Tudo acertado, pedi que me enviassem por e-mail o contrato para assinatura e reconhecimento de firma. Para minha surpresa, o contrato não mencionava qualquer obrigação por parte da editora, muito menos a quantidade de livros que seria impressa. Também não mencionava nada sobre os direitos autorais. Estranhando um pouco a situação, pedi para o editor acrescentar “esses pequenos detalhes” e a forma de divulgação do livro. Mas minha surpresa foi ainda maior quando na resposta o camarada colocou claramente que eu estava abusando de sua “bondade” e que se eu não confiava no trabalho de sua empresa que procurasse outra editora para publicar meu livro(!!!!!!!).

Foi uma tapa na cara! Literalmente, percebi que, para algumas editoras, investir em um escritor brasileiro é uma espécie de “favor” (!!!). E o simples fato de você “questionar” seus direitos pode parecer um imenso absurdo. Afinal, você deveria apenas agradecer a Deus e ao editor por conseguir publicar.

Esta é a triste realidade dos escritores em nosso país!



Nota: Texto originalmente publicado no blog Palavreando, de Janethe Fontes, em 23/05/2011

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