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Entrevista de Elmi Omar para o Estadão em 03 de junho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Patrimônio está aos pedaços em Guarulhos

Antiga fazenda de escravos, Casa da Candinha deveria ter virado parque em 2010

(Por Edison Veiga - O Estado de S.Paulo)


Parte importante da história da Região Metropolitana de São Paulo, a Casa da Candinha, em Guarulhos, está fechada para visitação e com visível necessidade de obras de manutenção. Trata-se da casa-grande da antiga Fazenda Bananal - que dá nome ao bairro. Em 1597, o local já mantinha escravos para exploração mineral na região.

Telhas originais foram retiradas e cobertura provisória foi colocada no lugar - Epitácio Pessoa/AE
Epitácio Pessoa/AE

"Há registros de que essa área foi foco de atividade mineradora 100 anos antes do início da exploração em Minas Gerais", explica o historiador Elmi El Hage Omar, autor do livro Casa da Candinha - Ruptura e Metamorfose, publicado em 2011, e diretor da Associação dos Amigos do Patrimônio e do Arquivo Histórico. "A Fazenda Bananal era enorme, ocupava o equivalente a 10% do atual município de Guarulhos."

A construção que existe no local não foi a primeira sede da fazenda. "Trata-se de uma casa erguida entre 1800 e 1850", afirma Omar. "Alguns acreditam que o porão da casa tenha servido de senzala, mas isso não é comprovado. Acredito que a senzala tenha funcionado em outra construção próxima, da qual restou apenas um muro de taipa de pilão."

Arquitetonicamente, a casa pode ser considerada exemplo tardio do barroco, raro remanescente do período. A posse das terras - e, por consequência, da casa - foi passando de família em família até 2004, quando a prefeitura de Guarulhos declarou o espaço área de utilidade pública.

O projeto é transformar o patrimônio em Parque Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da Candinha. E a casa, em sede de memorial que conte a história do trabalho escravo no local e reforce a importância da cultura negra na sociedade atual.

O parque foi criado por lei municipal de 2010. Mas, desde que a prefeitura administra o espaço, pouco foi feito. "Se eu fosse o senhor, nem tentava entrar lá, não. A coisa está tão feia que vai acabar despencando", disse um morador da vizinhança, quando a reportagem buscava informações sobre como chegar ao local.

As telhas originais foram retiradas porque o teto corria o risco de desabar e foi colocada cobertura provisória. "Espero que tenham guardado as telhas antigas para que, em um futuro trabalho de restauro, elas sejam recuperadas e colocadas de volta", afirma o historiador Omar.

Acesso vetado. A prefeitura pouco informa sobre a atual situação. Esclarecimentos foram pedidos por telefone e por e-mail desde 15 de maio e as poucas informações que chegaram foram por escrito. Todos os pedidos que a reportagem fez para visitar o local foram negados, sob a justificativa de que os monitores que "orientam a visita estão com agenda cheia" e as "visitas, suspensas". Eles também desaconselharam a visita espontânea do Estado, argumentando que "é fácil se perder".

A reportagem foi até a fazenda em 21 de maio. Encontrou os portões fechados. Uma funcionária disse que, infelizmente, não podia permitir a entrada, já que tinha ordens expressas do prefeito para não deixar jornalistas visitarem o espaço.

Em blogs sobre patrimônio histórico e fóruns de debate na internet, usuários lamentam o atual estado da Casa da Candinha. "Abandono" e "caindo aos pedaços" são alguns dos adjetivos que mais aparecem.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria do Meio Ambiente de Guarulhos, atualmente encontra-se em elaboração um o plano de manejo do Parque da Candinha. "Tal estudo prevê a elaboração de um diagnóstico e planejamento integrado, incluindo elaboração de programas ambientais, oficinas participativas e definição de zona de amortecimento e áreas estratégicas para gestão da Unidade de Conservação", afirmou, em nota. Segundo o órgão, a previsão de conclusão desta etapa é dezembro deste ano.

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