Aqui você encontra: Poesia, romance, crônica, história, conto, filosofia, autoajuda, etc.
Encontra também: Lançamentos e eventos em favor da promoção da leitura. Sejam bem vindos!!!
LÊ Itinerante

O que é isso?

Em breve!!!
 

FELIZ ANO NOVO!!!!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Um novo ano...

O que esperar de um novo ano?
Muitos esperam milagres, mudanças radicais,
uma força que não sabem de onde virá
e que, num passe de mágica,
transformará um desejo em realidade.
Acreditam ainda que "querer é poder"!
Ledo engano, pois muitos querem tanta coisa
e poucos realmente conseguem ter.

É preciso muito mais do que o simples querer,
é preciso ter os desejos como "objetivos",
traçar metas palpáveis, colocar tijolos na massa.
E por falar em massa, tudo que é durável pede esforço,
as facilidades costumam se transformar em dores,
os atalhos costumam fazer a gente perder tempo.

Determine a sua mudança Sim,
mas não por que é dia 31 ou primeiro.
Determine porque precisamos evoluir constantemente;
e deixar de fumar, emagrecer, ter mais tempo para a vida,
deixar de lado vícios e erros que cometemos,
é dar-se de presente uma vida melhor.

Feliz ano novo todos os dias!
Feliz reflexão e força para mudar.

Eu te desejo além dos votos comuns,
"DETERMINAÇÃO".

A força está ai, dentro de você,
esperando a sua decisão,
respeitando seus limites,
pronto para o novo tempo,
que começa no exato instante em que você diz:
- Eu quero mudar!
Tudo conspira a seu favor!



(Autoria: Paulo Roberto Gaefke)


Abraços

Ligação direta com o leitor

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Por André Miranda


Com a popularização de ferramentas para produção e venda de ebooks e o sucesso de obras lançadas sem mediação de grandes editoras, escritores investem na autopublicação, que dá nova cara ao mercado, inclusive no Brasil, onde a Amazon começou suas operações há duas semanas

Até o meio da semana, a segunda posição da lista de ebooks mais vendidos pela Amazon nos Estados Unidos era ocupada por “Stop the wedding!”, romance da americana Stephanie Bond. O livro, sobre como uma advogada e um investidor tentam impedir seus pais de se casarem mas acabam se apaixonando, foi lançado em novembro. Ele não existe em versão física e, até o momento, não está à venda em outro lugar que não seja o site da Amazon. Sua editora é uma tal NeedtoRead Books, casa que tem em seu catálogo 16 livros. Todos de Stephanie Bond. O que a autora tem feito é utilizar os recursos da Amazon para lançar seus próprios livros, sem a necessidade de uma grande editora como intermediária. Ela é um dos mais recentes exemplos da popularização de uma prática que está transformando o mercado editorial: a autopublicação.

Casos como o de “Stop the wedding!” vêm se repetindo. Ao longo de 2012, foi comum a inclusão, na lista de mais vendidos do jornal “The New York Times”, de livros lançados pelos próprios autores. Foram obras como “Slammed”, de Collen Hoover, “Playing for keeps”, de R.L. Mathewson, ou “Training Tessa”, de Lyla Sinclair. Elas existem porque a Amazon tem um sistema que permite a qualquer pessoa colocar um ebook à venda no site. Em geral, são livros baratos (“Stop the wedding!”, por exemplo, custa US$ 0,99), com temas que “variam” da comédia romântica ao drama romântico, com especial destaque para o erotismo romântico — a sensação do ano, a trilogia erótica “Cinquenta tons de cinza”, de E.L. James, foi publicada pela primeira vez pela própria autora num fórum de fãs de “Crepúsculo”, antes de a editora Vintage Books lançá-la nos moldes tradicionais.

Mas há livros de turismo, acadêmicos, de fantasia ou reportagens sendo “autopublicados” com sucesso, inclusive no Brasil, onde a Amazon começou suas operações há duas semanas. Eles representam uma democratização no acesso a um mercado antes restrito (qualquer desconhecido que já tentou publicar um livro por uma editora sabe da dificuldade que é ter seus originais aceitos) e um desafio para as editoras.

— Com a autopublicação, qualquer um, empresa, universidade ou autor, pode se tornar sua própria editora. Se as grandes casas editoriais não se mexerem, elas certamente serão afetadas por esse panorama — afirma Harald Henzler, diretor-geral da empresa alemã de consultoria para negócios digitais Smart Digits.

A história da autopublicação remonta às origens do mercado editorial. No século XIX, era comum autores que depois teriam sucesso bancarem a publicação de seus próprios livros. No século XX, mimeógrafos foram constantemente utilizados para a reprodução de livros de escritores que não conseguiam contratos com editoras ou não tinham autorização para lançar suas obras por questões políticas. Com a popularização da internet, há pouco mais de uma década, jovens autores lançaram romances em sites ou blogs. Mas o que todos queriam mesmo era um contrato com uma editora, o que possibilitaria que um livro chegasse a uma grande livraria com destaque, tivesse uma divulgação organizada e, por consequência, ganhasse mais leitores.

A diferença, hoje, é que se pode ter tudo isso por conta própria, até mesmo de uma maneira profissional. Na esteira do serviço de autopublicação da Amazon, surgiram empresas que oferecem aos autores um pouco da expertise de uma editora. Antes de pensar em lançar seu livro, o autor pode contratar a revisão, a produção da capa, a conversão do texto para o formato digital e até mesmo a edição do texto. Um livro autopublicado pode, sim, ter um tratamento tão bom quanto o oferecido por uma editora tradicional. O que ele não vai ter é a marca. E isso, para muita gente, ainda faz diferença.

— A editora sempre vai ter um peso, ao menos o peso da credibilidade — diz Ana Paula Maia, que, antes de se tornar uma escritora reconhecida, já pagou parte da publicação de “O habitante das falhas subterrâneas” em 2003, pela 7Letras (o livro será relançado na semana que vem pela editora Oito e Meio) e também publicou um romance inteiro num blog (“Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos”, de 2006, posteriormente lançado pela editora Record). — Existe um valor grande agregado a uma grande editora. Ela indica para os leitores um padrão de qualidade, mas o que também não quer dizer que você é um grande autor só por estar numa editora. Neste mundo novo, acho que a editora vai ter um papel mais opinativo. Não vai ditar mais as regras, mas vai ser um filtro.



Leia mais aqui

Evento em 15/12/12 às 19:00 - Livraria Nobel Espaço Novo Mundo - Guarulhos/SP

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Estão todos convidados!!

Av. Salgado Filho, 1453 - Guarulhos/SP


Convite: História de Guarulhos - Um panorama sobre nossos patrimônios

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Estão todos convidados para a palestra que será proferida pelo historiador Elmi Omar: 
História de Guarulhos - Um panorama sobre nossos patrimônios
Dia 08/12 - Livraria Nobel Salgado Filho 

Av. Salgado Filho, 1453 - Guarulhos/SP.



Compareça!


CONVITE LÉ GUARULHOS - Sarau Literário em 23/11/12 na Biblioteca Monteiro Lobato

terça-feira, 20 de novembro de 2012


A LÊ Guarulhos - Associação Guarulhense de Escritores e a Biblioteca Monteiro Lobato têm o prazer de convidá-los para evento cultural a ser realizado em: 23 de novembro – Das 19:00 às 22:00 horas - Biblioteca Monteiro Lobato - Rua João Gonçalves, 439 – Centro -  Guarulhos.

Traga sua família e seus amigos para curtir essa noite tão especial !!

Nota: Esse evento marcará a inauguração do Projeto LÊ na Biblioteca, O projeto tem como objetivo principal o incentivo à leitura, a busca pela formação de novos leitores e a difusão da literatura guarulhense. Somam-se a estes objetivos, a abertura de espaço e o estímulo para futuros escritores, que encontram no projeto a oportunidade de solidificar e expandir suas atividades culturais e literárias. O Projeto visa também promover a aproximação e interatividade entre estudantes e escritores, através de encontros regulares a serem realizados na Biblioteca Monteiro Lobato.



Ônibus é 91% menor do que automóvel

sexta-feira, 2 de novembro de 2012


Por J.R.Jerônimo


Em junho de 2010, a pesquisa que realizei, nas principais vias de acesso à cidade de São Paulo, acerca da quantidade média de ocupantes no interior de cada automóvel, apontou para o número de 1,8.   Ou seja, menos de duas pessoas, incluindo o condutor, ocupavam cada um destes veículos de transporte individual.  A consequência disso é que, na comparação direta entre automóvel e ônibus, com base na prática diária de nosso trânsito, a diferença era gigantesca.  Numa faixa da via, com 10 km de comprimento, a quantidade de pessoas ocupando automóveis, se colocadas em ônibus, em vez dos 10 km, ocupariam 886 m, apenas.  Todos os detalhes dessa comparação podem ser vistos no artigo Ir e vir - dá para melhorar? (http://www.jrjeronimo.com.br/artigos/artigos_jrjeronimo_ir_e_vir.htm), o qual considera somente passageiros sentados, com segurança e conforto.

E, se quiséssemos considerar pesquisa mais recente, da CET - Companhia de Engenharia de Tráfego, de São Paulo,  que aponta a ocupação média atual do automóvel como sendo de 1,4 pessoas, a diferença seria ainda maior, em favor da utilização do ônibus.

O caos do trânsito está aí, para todos verem e, pior, sentirem.  Ele é uma realidade há tanto tempo prevista, mas inconsequentemente não evitada. Gera todo tipo de mal: estresse, doenças respiratórias e neurológicas, desperdício de tempo, desgaste dos veículos, poluição, comprometimento de recursos naturais, redução das oportunidades de realização pessoal e profissional, prejuízo financeiro e, somado à sua desordem a legislação branda e correspondente impunidade, perdas de vidas.  Um artigo recente, de Celso Ming, O preço do trânsito travado, ilustra bem parte disso (http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2012/10/20/4782/).

A revolução para a mudança necessária está na mente.  Reflitamos um pouco para compreender melhor esse fato.

São várias as razões que podem interditar as mentes de proprietários, e candidatos a proprietários, de automóveis, entre elas:
- O sonho de ter um automóvel;
- O desejo de independência para locomover-se;
- A busca de autoafirmação;
Status.

São vários os motivos que podem bloquear as mentes de empresários do segmento de transporte coletivo e do de automóveis e autoridades relacionadas à questão, entre eles:
- Lucrar mais (com excesso de passageiros) com menos (oferta de ônibus);
- Explorar o desejo e o sonho das pessoas de terem cada vez mais automóveis, e mais modernos, velozes e caros;
 - Miopia que impede enxergar um pouco mais longe e divisar um futuro que pode estar mais próximo do que se imagina, com mais equilíbrio, bem estar, fraternidade e prosperidade;
 - Desconsideração de que as receitas e os empregos gerados na indústria automobilística também podem ser obtidos através de todos os investimentos e ações voltados para o transporte coletivo.  Apesar de que são secundários diante do problema maior que a falta de mobilidade proporciona;
 - Inexistência de compromisso com um mundo melhor;
- Ausência de iniciativa e boa vontade.

De um lado, pessoas que querem ter automóvel a qualquer custo e de outro, sujeitos que querem enriquecer muitíssimo mais, sem parar, pouco se importando para o trânsito que ajudam a travar, mas que driblam com seus helicópteros. 

Enquanto tivermos mentes congestionadas, teremos um trânsito idem. É preciso que cada um descongestione sua mente.

Que o usuário de automóvel - veículo de transporte individual - entenda que quanto mais automóveis, mais lentidão, mais acidente, mais custo de estacionamento, mais prejuízo, menos tempo para ser produtivo e realizador.

Que os empresários do transporte e as autoridades políticas competentes abram-se para a visão do bem coletivo e tomem medidas para a construção de mais ferrovias, linhas de metrô, hidrovias, corredores de ônibus e seus correspondentes veículos coletivos, bem como, ciclovias, bicicletários e calçadas.

Como não há mobilização efetiva, que deveria haver (mas que um dia haverá), por parte da população para promover a transformação necessária, que neste caso é no trânsito, a iniciativa fica a cargo do empresariado do transporte e, principalmente, das autoridades políticas.  Para que tomem as providências no sentido de que o transporte coletivo tenha intensificado sua ampliação e criação de novas alternativas para efetiva resolução dos problemas de congestionamento no trânsito.

Então, para efeito de referência, é isto.  Se considerarmos apenas ônibus, dentre os itens do transporte coletivo, já teríamos um extraordinário ganho em relação ao automóvel. Posto que, na parte da via em que houvesse apenas ônibus, teríamos 91% (da via) livre, porque o espaço que este ocupa, na comparação com o automóvel em sua lotação média de usuários, é de 8,86%. É nesse contexto que podemos afirmar que o ônibus é 91% menor que o automóvel.

O exercício do direito de se ter um automóvel não se compara ao muito mais valioso direito de ir e vir.  Que andem as mentes para não pararmos no trânsito.

2042

domingo, 30 de setembro de 2012


por J. R. Jerônimo


O tempo passa tão rápido que, quando nos damos conta, já foi.  E como partícipes da história, vivenciando tantas mudanças, muitas vezes não percebemos, de imediato, o conjunto real dos acontecimentos.  Assim, acabamos por não reconhecer o valor dos avanços que essas mudanças geraram à nossa vida e à nossa sociedade.
Por isso, resolvi fazer um pequeno balanço, das três últimas décadas apenas, para registrar algumas conquistas obtidas.  Tal reconhecimento ajuda-nos a lembrar do que somos capazes e do quanto somos vencedores.  Fomentando, assim, com mais consistência, a devida e necessária continuidade das nossas iniciativas e atitudes para novas mudanças e realizações.

Comparando então com aquele ano de 2012, dentre as alterações ocorridas, anoto, agora em 2042, como exemplo, as seguintes:

O trânsito hoje, ao mesmo tempo que rápido e fluido, é, principalmente, seguro.  Os veículos são todos dotados de sensores de distâncias entre si e entre eles e a pista, bem como, de inúmeros dispositivos de ações automáticas para a segurança.  Não há congestionamento tem vários anos.  A grande - para não dizer, a esmagadora - maioria das pessoas já faz tempo que se conscientizou que a caminhada e a bicicleta são as melhores opções para irem ao trabalho, à escola, à igreja, ao lazer. Utilizam-se do automóvel de forma absolutamente seletiva, quando o tipo de viagem que fazem o requer, quando o horário e o tipo do evento ou do passeio tornam esse veículo mais conveniente.  Porque, na maior parte do tempo, tirando-se as pequenas e médias distâncias, entre cem metros e dez quilômetros, onde se opta pela caminhada ou pedalada, utiliza-se o eficiente, seguro e confortável transporte coletivo.  Há, inclusive, trens de alta velocidade que interligam quase todas as capitais e principais cidades do país, bem como hidrovias em grande número. Até o transporte de cargas teve sua revolução, finalmente, para a ferrovia e também hidrovia. Hoje, a quantidade de carretas e caminhões em nossas rodovias caiu cerca de vinte por cento em relação a 2012, considerando que o produto interno bruto do país cresceu quatrocentos e onze por cento, no período. São outros tempos de infraestrutura.

Devido à essa condição do transporte, à predominante capacidade financeira que possibilita a maioria da população utilizar-se de táxis e à ampla estrutura viária voltada para o pedestre e o ciclista, nem todas as pessoas têm interesse em tornarem-se condutoras de veículo automotor.  Porém, aquelas que pretendem habilitarem-se, buscam sempre as melhores autoescolas. Para tanto, consultam uma lista ordenada pela qualidade do ensino e preparação, baseada no registro estatístico de ocorrências do departamento de trânsito estadual.  Todos se dedicam, através de cursos, palestras e treinamentos para tornarem-se os mais preparados que podem, antes de colocarem-se diante de uma direção ou de um guidão de veículo automotor. Os ciclistas também recebem treinamentos.

No trabalho, atualmente cumprimos seis horas por dia e não mais aquela enormidade de tempo que, na busca desenfreada pela sobrevivência de uns e enriquecimento não profícuo de outros, impedia de nos dedicarmos a outras atividades importantes. Temos agora mais tempo, para estar com a família, para praticar esporte, para estudar, para cuidar da saúde, para nos encontrarmos mais vezes com as pessoas que gostamos e para pensar no que podemos fazer pelo lugar em que vivemos, e fazer.

O chão das vias públicas é limpo.  Já naquele tempo, alguns países tinham esta característica, que nos causava admiração. Aprendemos com eles, do mesmo modo que aprenderam conosco outras ações.  Papéis, bitucas, cascas de frutas ou restos de qualquer coisa que, antes, eram comuns de se ver espalhados por aí, não são mais em nossos dias.  E, no caso das bitucas, mais adiante é citado outro motivador para sua nobre ausência no piso das cidades de agora.  A propósito, a coleta seletiva de resíduos e a reciclagem também são práticas há muito estabelecidas, não havendo mais lixões nem aterros controlados, apenas alguns aterros sanitários, visto que quase todo tipo de resíduo - que, aliás, foi reduzido pela mudança de comportamento das pessoas - é, de alguma forma, reaproveitado.

Não há mais pichações nos muros e paredes.  Não porque parte da juventude deixou totalmente de ser delinquente, mas pelo fato de que se forem pegos pichando, terão uma punição extremamente cara.  E a fiscalização é geral e, podemos dizer, quase onisciente. 
Neste sentido, é bom registrar também que, embora o número de pessoas boas e honestas tenha aumentado, não significa que inexistam pequenos desequilibrados e grandes patifes.  Ocorre, no entanto, que praticamente estes não têm mais o espetacular espaço que tinham no tempo da impunidade.  Pois hoje, a punição existe, é rigorosa e, providencialmente, exemplar. 

Do mesmo modo que não há pichações, também são raros outros tipos de vandalismo.  Os telefones públicos - em número pequeno nos dias atuais -, os caixas eletrônicos, os dispensadores de jornais - é..., ainda temos equipamentos que vendem jornais, revistas e alguns utensílios, em muitos lugares -, as placas de sinalização, as máquinas que controlam estacionamentos rotativos, etc..   Tudo permanece íntegro, como novo, cada um pronto para o uso a que se destina, a serviço do cidadão na hora que precisar, como já era naquela época nos países, então, mais desenvolvidos.  Aliás, falando em revistas, as que tratam de fofocas são raríssimas, pois o público, agora com mais e melhor escolaridade, tem preferências mais edificantes.

Escolas não faltam mais.  Inclusive, a educação, finalmente, ruma para ocupar seu lugar de direito e de fato.  Os professores já são bem remunerados a ponto de haver grande competição a cada concurso que se abre para suas contratações.  Muitos jovens sonham ser professores.  Os cursos de magistério e pedagogia têm suas procuras aumentadas.  Especializações, mestrados, doutorados e pós-doutorados são mais abundantes e concorridos também.  Sendo que, todas as instituições de ensino, bem como seus cursos, têm altíssima qualidade.  Não estamos ainda no nível que queremos e precisamos alcançar, pois há resquícios de analfabetismo nas regiões mais afastadas dos grandes centros, em cada estado; mas estamos nos aproximando de nosso objetivo.

A educação é tão importante e vital para o nosso país que há uma obrigatoriedade de escolaridade mínima, norteada por uma tabela pública que relaciona idade, profissão e funções sociais de cada pessoa.

Os professores são tratados com distinção por todos na sociedade.  Mas, se cometerem algum deslize, assim como os ocupantes de cargos públicos eletivos, pagam o dobro da pena atribuída aos demais cidadãos; sendo, portanto, exemplos em quaisquer circunstâncias.

Antigamente, tínhamos uma enxurrada de impostos que carcomia mais de quarenta por cento de nossa renda.  Hoje há apenas um, que incide sobre toda entrada de dinheiro que, conforme o montante, para a maioria da população está entre dez e quinze por cento e, no máximo, a trinta por cento, para as maiores rendas.  Não é possível a sonegação, toda saída tem que ter uma entrada, e tudo é registrado oficialmente, de modo automático. Os meios eletrônicos de compra e venda são utilizados quase cem por cento das vezes, mas quando se quer utilizar cédulas ou moedas, elas também têm microchip-sensor que, na transação, identifica seu proprietário e se transfere ao próximo, deixando atrás de si um histórico, se necessário qualquer rastreamento.  Os impostos são bem distribuídos às esferas de governo - municipal, estadual e federal - e são aplicados sob inteira transparência de cada cidadão, que acompanha, questiona e indica seu uso.

Com exceção das forças armadas e polícias, ninguém tem arma de fogo.  Portá-las sem ser um agente dessas instituições é crime com a severidade da prisão perpétua.  Mesmo a polícia, somente as tem em suas viaturas e delegacias.  Os policiais não as portam, a não ser quando necessário, o que é cada vez mais raro em nossos dias. Ainda utilizadas com alguma frequência são as armas não letais e de efeito moral.

Nossos 16.885 km de fronteiras têm guarida plena, por terra, mar e ar.  Contrabando, imigrante clandestino, drogas e armas não entram mais em nosso território, como dantes.
As pessoas respeitam os espaços dos outros.  Muitos muros já não são altos como outrora, e há uma tendência para substituição por meras cercas, apenas como indicador de limites de propriedade.  E nos locais públicos, ou de frequência pública, não se importuna os demais com algazarras, obscenidades ou bizarrices.

O tabaco, hoje, é tão permitido como era a maconha em 2012, ou seja, não se pode fumar coisa alguma inalável sob pena de prisão, excetuando-se as manifestações indígenas e, em ambientes controlados, o charuto ou o cachimbo.  Convém lembrar, no entanto, que antes dessa legislação rígida em favor da saúde e da ordem, houve um longo e intenso trabalho de apoio aos fumantes, com psicologia, psiquiatria, neurologia, terapias, religião, medicação, entre outras estratégias.  Então, quem quis aprendeu a viver sem fumar e quem não quis, a lei ensinou também.  Concomitante, centros de recuperação são disponibilizados pelo Estado.  E pensar que naquele tempo tinha gente que pedia a descriminalização da maconha, chegavam até a usar uma aberração do direito de fazer passeata em favor dessa porcaria.  Quando nossos jovens, de hoje, tomam conhecimento disso, a princípio, não acreditam em uma asnice de tal monta, depois, no entanto, passam a entender a razão da decadência em que nos encontrávamos.

Ingerir bebida alcoólica, em qualquer quantidade, e conduzir um veículo é crime, com punição de rigor próxima do homicídio, posto que se considera que o potencial para o fato é como se este já estivesse praticamente consumado.  A sociedade não espera que haja uma vítima de homicídio para tomar providências. Considera gravíssima a situação em que se constate o potencial dessa delinquência, e, por conseguinte, toma eficazes medidas na identificação da responsabilidade, seu julgamento e punição, se confirmada a culpa.

Toda e qualquer substância alucinógena que não seja utilizada estritamente por prescrição médica, para fins de cura, é crime, independentemente de se estar ou não na condução de algum veículo.  O traficante tem pena duplicada em relação a cada usuário da droga que tenha comercializado.

O volume do som, tanto nos veículos como nas residências limitam-se a não tornar os vizinhos ouvintes obrigatórios de músicas ou ruídos que não apreciem ou não queiram ouvir.  Assim, as casas de show, danceterias, bares e boates são dotadas de ambientes que cerceiam o barulho em seus domínios, sem prejuízo à população dos arredores.
De certa forma consonante ao comportamento anterior, não mais se tolera músicas ou obras artísticas - que de 'artísticas' praticamente tinham pouquíssimo ou nada - de baixo nível moral ou que incentivem a violência, a bandidagem, o vício, a estupidez.

Inúmeras aplicações compulsórias de recuperação e penais, antes não eram permitidas pela legislação, hoje, mais do que isso são determinadas por ela, para tais ações. 

Não há crime sem responsabilidade.  Se seu autor tiver até nove anos de idade, poderá ou não, conforme o delito, ser recolhido a instituição de apoio à família, mas seu pai ou o adulto que o induziu será preso; se tiver entre dez e treze anos de idade, vão presos ele e o adulto que o induziu ou seu pai; e se tiver quatorze anos de idade, já vai preso sozinho; nos três casos, o tempo e a forma de recuperação ou punição se dará de acordo com a falta cometida.  Em primeira instância, para o efeito de responsabilidade pelo filho, o pai biológico é o considerado, mas, dependendo da avaliação, o pai adotivo ou padrasto, pode ser preso também.

A sociedade não paga pela manutenção dos presídios.  O sistema carcerário é independente de impostos.  Quando o interno é menor de quatorze anos, a família o custeia.  Os demais terão o direito de se sustentarem, consistindo nesta, a única forma de se manterem.  As penas variam, conforme o mal feito, de um ano à perpétua, rigorosas e exemplares.  Faz parte do regime prisional, obrigatoriamente, além do trabalho, o estudo, a religião e o esporte, para todos.  O trabalho resultará em renda para manutenção do interno, como também para sua poupança, a fim de ajudá-lo após sua saída - nos casos em que não for perpétua a sua pena - ou nos momentos que não puder trabalhar; caso fique doente por tempo superior a essa poupança, a família banca. Há também, em larga escala, penas específicas formatadas em trabalho social, para os casos de pequenos delitos.  A qualquer reincidência de infração, aplica-se, no mínimo, o dobro da pena anterior.  

Nossa ciência alcançou a cura de inúmeras doenças, tanto as pré-existentes àquele tempo, quanto as surgidas posteriormente. O câncer, por exemplo, somente não se consegue debelá-lo se for diagnosticado mui tardiamente.  O serviço público de saúde em nosso país deu um grande salto em qualidade e em quantidade de pontos de atendimento.  O uso da tecnologia capaz de detectar todo tipo de moléstia em seu mínimo princípio foi generalizado por sua descentralização geográfica. Há vacinas para praticamente todo tipo de enfermidade contagiosa.

O capitalismo continua, mas de uma forma mais inteligente, uma vez que a predominância dos empreendimentos de grande porte e valor são na forma de cooperativismo.  E o desequilíbrio na distribuição de renda, antes catastrófico, é, hoje, cada vez menor, não por conta da iniciativa dos ricos, que ainda são pobres nesse raciocínio, se bem que estão aprendendo; mas pela união, mobilização e consequente conjunto de decisões políticas, mercantis e empreendedoras, realizadas pela maioria da população.

O governo expressa somente o que o povo determina.  Cada lei, em seus mínimos detalhes - artigos, parágrafos, incisos e alíneas, bem como resoluções, portarias e deliberações - são indicadas, escolhidas e votadas por toda a população que quer votar.  O voto é direito e não obrigação, mas é como se fosse dever, pois as votações são, normalmente, maciças.  Hoje, devido ao poder da educação, o povo tem, aquilo que não teve em toda sua história, discernimento,  E, após tomar conhecimento dos prós e contras de cada votação, estas são realizadas pela internet, com ganho de tempo imediato para a prática da mudança legal.  Os votos dos professores valem o dobro e presidiários não votam.

Os ônibus raramente não têm lugares para seus passageiros irem sentados, e sempre com segurança e conforto; mas quando falta assento, os homens cedem os seus para os idosos, para as pessoas com deficiência ou mobilidade limitada e também para as mulheres que, agradecidas da cortesia e satisfeitas do respeito mútuo, dizem, ‘obrigada’.  É..., agora, todos falam assim, 'com licença', 'por favor', 'desculpe', 'obrigado'; até não mascam mais chiclete com a boca aberta, não deixam os carrinhos de supermercado largados em qualquer lugar, em suas compras, e nem bocejam em público com ruído e sem pôr a mão à frente da boca.  Educação é a verdadeira elegância.

Assim como, cada empresa deve prever em seu quadro de funcionários um percentual de vagas para pessoas portadoras de deficiências, também deve, após atender a demanda de trabalho ao cidadão normal, destinar a ex-presidiários, em número que se flexibiliza conforme a quantidade no país.  Todos têm, de fato, uma segunda chance.  E, ao mesmo em que existe cada vez menos a prática de delinquências, temos uma tendência de grande dedicação desse tipo de funcionário, em sua própria recuperação como na contribuição que dá à produtividade dessas empresas. Tanto que, o receio e até mesmo o preconceito existentes no início dessa implantação, inexistem agora.

Cada cidadão não tem mais uma porção de números de documentos e registros que o identificam, mas apenas um, o RC, Registro de Cidadão.  Com ele, todos os acessos a serviços e cadastros, mediante senha iridiana - ou, na impossibilidade dessa, outra senha biométrica -, são possíveis.

Nosso país ajuda muito aos países mais pobres, na construção de infraestrutura logística e social e de empreendimentos, na modalidade de cooperativas, gerando trabalho, distribuição de renda e acesso ao que eles mesmos produzem.
               
Não pararia de escrever para apontar tantas mudanças ocorridas nesse período, mas limito-me a estes exemplos, uma vez que tal escrito busca apenas dar uma ideia da capacidade de nossa gente em transformar a calamidade em prosperidade, o desespero em esperança, a tristeza em oportunidade de uma alegria fraterna e compartilhada, e a frustração das injustiças em fé no trabalho e na realização de nossos ideais.
 
Muitos estrangeiros chamam nosso país de ‘paraíso’, mas, nós que sabemos que ainda não é o paraíso, o chamamos apenas de: ‘Brasil’.

Quando falamos aos nossos netos que nem sempre foi assim, que antes havia desonestidade, corrupção, vandalismo, roubo, sequestro, assassinato, eles nos perguntam: como pudemos suportar tanto tempo de apatia, permissividade e até mesmo de burrice.  Por que não fizemos a mudança antes?  Por que permitimos aos delinquentes tamanho espaço para ação do erro e do mal?  Por que esperamos sofrer tanto prejuízo, tanta restrição à liberdade da pessoa de bem e tantas perdas de vidas?

Aos olhos do pessoal daquele tempo, há trinta anos, a realidade atual, essa que vivemos hoje em 2042, era uma quimera, e algumas mudanças, consideradas exageros.  Mas, depois de tanto sucumbir como vítima dos malfeitores de todo tipo, o povo compreendeu que tolerância tem limite e que não se deve ser tão condescendente como se era.  Como se dizia, "não se pode viver passando a mão na cabeça dos irresponsáveis e inconsequentes sociais".  O preço dessa condescendência era muito caro. Incontáveis vidas de pessoas boas eram ceifadas pelas mazelas, mas hoje são protegidas pela Constituição de 2025, promulgada há 17 anos, e pelas demais leis, que lhe correspondem.

Um tempo em que, comparado àquele de 2012, afora a evolução tecnológica, que deu-se notadamente na área da medicina, da comunicação e da robótica, o que mais aconteceu foi a mudança de mentalidade do povo.  Com o fomento vigoroso à educação e o consequente despertar das consciências, as pessoas compreenderam, enfim, que a liberdade é primordial; e para que ela exista, só se houver segurança que a preserve.  E para haver segurança, há um preço: a privacidade, que incomoda principalmente os que não gostam de ser monitorados por câmeras em ambientes de frequência pública coletiva - com exceção de banheiros, por exemplo -  e por sensores de localização.  Mas, mesmo para esses indivíduos, o ganho de qualidade de vida foi extremo.  Temos convencionado que, à medida que os indivíduos evoluírem moralmente - o que será verificado pela melhora do comportamento autônomo - reduziremos o número de câmeras desse tipo de monitoramento, até o mínimo indispensável.

Não somos perfeitos na elaboração de nossas leis e também na aplicação delas.  Estamos cientes de que o rigor que fazemos valer, vez ou outra, ocasiona alguma injustiça.  Mas sabemos também que um prejuízo menor e efêmero é melhor do que um gigantesco e permanente.  Porque, se não formos rigorosos contra o mal, ele será contra nós. 
Sempre haverá quem nos julgue.  Sempre existirá quem discorde.  Mas, contabilizados os pequenos erros e os prejuízos menores, em nossa sociedade, o resultado é a predominância da liberdade para as pessoas de boa vontade, que trabalham, que buscam realizar o melhor de si mesmas e o melhor para o mundo em que vivem. 



Pessoas ao redor do mundo estão aprendendo a falar português. Nós também precisamos...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

(por César Magalhães Borges)


Cumé qui ‘cê ‘tá? ‘cê ‘tá bem?

     Minhas experiências em viagens internacionais são poucas, diminutas, porém algumas delas são bastante recentes e renderam um bom número de reflexões.

     Depois de décadas de ter sido alfabetizado em minha própria língua, tive a oportunidade de, pela primeira vez, visitar dois países da Europa.

     A língua inglesa ainda é, de fato, a grande língua de intercâmbio cultural no mundo. Até mesmo a França, famosa por sua resistência ao idioma, rende-se, lentamente, ao inglês.

     De trem bala e mar abaixo, segui para a Inglaterra; berço do idioma mais falado em todo o ocidente e, lá, sem qualquer pretensão de estudo científico de campo, empiricamente, pude constatar dois aspectos relevantes no que diz respeito à língua:

     - o primeiro é que o inglês não pertence mais aos ingleses (especialmente aos londrinos), dada a enorme quantidade de estrangeiros que trabalham no comércio, recepcionam turistas e vendem o cartão postal de uma língua que não é a deles;

     - o segundo é que, entre os falantes nativos, há os que falam bem e os que falam mal o próprio idioma (desde os aspectos gramaticais, até problemas de dicção e clareza de pronúncia).

     Como turista, naturalmente, sentia-me muito mais confortável e seguro quando tinha a oportunidade de conversar com os bons falantes da língua.

- // -

     Se minha experiência em outros países é pequena, meu contato com estrangeiros vem de longa data e posso afirmar que entre americanos, mexicanos, franceses, alemães, ingleses, italianos, holandeses, canadenses, espanhóis, cazaquistaneses, nigerianos e bielorrussos que conheci, existe a plena consciência, hoje, do lugar que o Brasil ocupa no mapa e da língua falada por nós.

     Aumenta, no mundo, o interesse pelo nosso idioma e isto muito se deve à imagem que o Brasil projeta para todo o planeta. Nossa arte, nossa cultura, nosso esporte, nossos ídolos estão por toda parte...

     Entramos na rota dos grandes eventos e muita gente promete, em breve, vir até aqui. Mas será que estamos preparados para receber tanta atenção e um número tão grande de visitantes em nosso país?

- // -

     Em forma de interlúdio e com bastante brevidade, reconto um fato simples, mas de importância crucial:

     A mãe de Paul McCartney – que faleceu quando ele ainda era adolescente –, e a tia de John Lennon – que o criou desde a mais tenra infância – fizeram questão que os meninos aprendessem a falar bem, pronunciassem bem as palavras para que, entre outras coisas, não sofressem, já ao abrir a boca, o preconceito de classe tão comum à Inglaterra daquele período.

     Resultado: o inglês dos Beatles – até no que tem de mais liverpudiano – é universal.

- // -

     Eis aqui um caminho a se trilhar do início: o exercício da fala. A fala bem articulada, a fala com boa dicção, a fala compreensível, a fala calorosa, a fala amigável, a fala fluente.

     O prato é feito em casa. Dentro de cada lar, entre os membros de toda família, a fala permeia e nutre a vida. Que seja rica, que seja farta!

     Nas salas de aula de cada escola, que venha a boa leitura, que venha a cultura escrita, mas que haja, também, a cultura da fala, o jogo teatral, saraus, jograis: que se descubra a fala do outro.

     E vivam os sotaques, os regionalismos... As diferenças são sempre bem-vindas. Não são necessários os purismos, o intelectualismo, ares esnobes ou afetação. A simplicidade pode vir carregada de beleza e correção...

     Presta’tenção! ‘tô falano c’ocê!







Articulista: César Magalhães Borges é poeta, professor universitário e autor dos livros: Passagem (poemas e crônicas), de 1985, Contrastes (poemas e crônicas), de 1987, Canto Bélico (poemas), de 1994, Bolhas de Sabão (infantil), de 1998, Ciclo da Lua (poemas), de 1999, Três Acordes (infantil), de 2003 e Folhas Soltas (poesia incidental), de 2006.


Mediadora: Janethe Fontes é escritora, além de blogueira (nos momentos vagos), palestrante (quando possível), securitária (no dia-a-dia) e leitora viciada;  é  também esposa, mãe e outras coisas. Tem 3 livros publicados:  Vítimas do SilêncioSentimento Fatal e Doce Perseguição.



Participe de nosso FÓRUM com perguntas e comentários. Sua opinião é muito importante para nós! 
Para participar,  não é necessário ter cadastro neste blog e nem em redes sociais, basta utilizar a opção Anônimo do formulário abaixo ou clique AQUI. Se preferir, pode também publicar através do Facebook e curtir nossa Página. Pedimos, porém, que:

- Não faça propaganda de outros blogs ou sites;
- Não faça propaganda política de qualquer espécie;
- Não inclua links desnecessários no seu comentário;



IMPORTANTE: Caso necessite de "Certificado de Participação", informar através dos e-mails: cesarmborges@terra.com.br e janethefontes@gmail.com.


Nossos autores na Bienal do Livro de São Paulo

sábado, 18 de agosto de 2012



Janethe Fontes e seu 3º livro 


Leandro R. S. Filho, com Asgard.



Jane Rossi, Neide Cardoso, Terezinha Oliveira...



Ary Braga - Deus & Você


Pelos Ares

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Por César M. Borges

“O cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada”


E faz tempo! Esta cantiga, de tão antiga, ninguém sabe quem a criou. Alguém foi. Mas quem?

A quem se paga cada vez que ela é cantada? Quem recolhe os direitos autorais?

Há quem sustente que a idéia de autoria é própria de uma sociedade burguesa. Aldeias e tribos do passado não demonstravam tal preocupação, mesmo porque não parecia haver ali a possibilidade de que alguém aspirasse a viver de arte. Tudo o que era criado – danças, cantos, lendas – pertencia à coletividade.

O argumento é coerente e digno de todo respeito. No entanto, há de se observar que o crédito da autoria já existia na Antiguidade. Se assim não fosse, não teríamos obras atribuídas a Platão, Aristóteles, Sófocles, Ésquilo, Safo, Virgílio, Cícero, Ovídio... Isto para citar alguns nomes, apenas... O que torna plausível o conceito de que a autoria tenha seu princípio ligado ao registro, à escrita. Sociedades mais complexas, mais organizadas em torno da escrita desenvolveram, também, a autoridade, a assinatura, a identidade do autor. Ao passo que sociedades menos complexas ou mais ligadas à tradição oral de transmissão de cultura e conhecimento diluíram a criação entre seus membros, na extensão do tempo e nos atributos da memória.

“Terezinha de Jesus
deu uma queda
foi ao chão”

A invenção da imprensa, o crescimento vertiginoso da publicação de livros e, posteriormente, o surgimento dos jornais popularizaram o ato de ler e, se não aniquilaram de vez as culturas de tradição oral, sobrepuseram-se a elas de tal forma a dar a impressão de que a cultura escrita passava a ser “a cultura”, ou uma cultura superior... E os autores viram seus nomes impressos...

Desde então, os avanços tecnológicos possibilitaram outras formas de registro: o som e a imagem encontraram a gravação no suporte físico da fita, do disco, da fotografia, da película cinematográfica, de seus desdobramentos e reproduções, ampliando o reconhecimento autoral, mas, também, dando impulso a uma poderosa indústria cultural que fez nascer a cultura de massas e passou a determinar padrões estéticos, moda, comportamento.

A indústria cultural não se opunha e não opõe, necessariamente, ao bom gosto, à sensibilidade, à invenção ou à inteligência... desde que estas vendam... desde que dêem lucro...

“Quem me ensinou a nadar,
quem me ensinou a nadar,
Foi, foi, marinheiro,
foi os peixinhos do mar”

Navegamos, hoje, pela rede mundial de computadores e somos arrastados por um mar de informações vagas, imprecisas.

Tornou-se bastante comum recebermos mensagens de auto-ajuda, com slide shows e fotomontagens de gosto duvidoso, contendo textos atribuídos a Mário Quintana, Charles Chaplin, Vinícius de Moraes, Fernando Pessoa... Ou, ainda, textos irônicos, chulos e preconceituosos atribuídos a Arnaldo Jabor ou Luís Fernando Veríssimo. Será que foram eles mesmos que escreveram? Alguém foi. Mas quem? É a autoria deturpada. É a autoria traída.

A indústria cultural alimentou o monstro que agora ameaça devorá-la. Subvertendo o dito, é possível afirmar que “tudo que é criado, é logo copiado”. Cópias ilegais, não autorizadas, pirataria na rede deste mar em que ninguém controla a pesca.

A indústria tenta conter os saques, tenta se adequar, tenta vender on line o que está na linha de seu anzol. No entanto, podemos, de fato, estar diante da fragmentação da cultura de massas... e recolhendo cacos de cultura.

Canções são “baixadas” fora de seus álbuns, poemas de Drummond circulam sem que seus livros sejam conhecidos, pinturas e fotos são tiradas de seus contextos, histórias narradas sem cronologia. É a autoria fragmentada, diminuída...

Se levarmos ao extremo a hipótese de que toda produção cultural possa ser adquirida, virtualmente, sem que se pague valor algum a quem realmente as produziu, a indústria agonizará.

Quem investirá tempo e dinheiro na produção de um filme se, antes mesmo dele ter cumprido seu circuito pelas salas de cinema, ele já puder ser visto pelos usuários de computador? Se antes de ser lançado em DVD, ou qualquer outro suporte que se crie, ele já tiver se convertido em uma cópia caseira?

Quem pagará horas de estúdio, contratará técnicos, engenheiros de som, produtores, arte-finalistas se, antes de estar nas lojas, o disco já tiver seu conteúdo espalhado entre os internautas? Se, antes de ser vendido pelos sites oficiais das gravadoras, o trabalho musical já estiver disponível em sites “alternativos”?

Quem publicará livros quando obras inteiras podem ser hospedadas em uma página da Internet?

Assistir a um filme não é simplesmente ver uma história. É um envolvimento muito maior que passa pela percepção da linguagem, dos cortes, da edição, dos efeitos, da trilha sonora, da fotografia. A tela do computador ou o televisor da sala não substituem, em absoluto, a experiência, a atmosfera que pode ser vivida em uma sala de cinema.

Um bom disco é muito mais que um apanhado de canções. É um trabalho que se constitui de arranjos instrumentais, vocais, letras e todo um empenho para se conseguir uma determinada sonoridade, uma identidade, um perfil integral de obra que chega à arte de capa e às notas de produção. Um conjunto de elementos que não podem ser reduzidos a um MP3, ou qualquer aparelho de bolso, e um fone de ouvidos.

O mesmo pode ser dito em relação ao livro. O tipo de letra, o papel, o arranjo formal do texto na página, a diagramação, a composição, a divisão de partes, capítulos, o espaço em branco, as ilustrações, a capa são, muitas vezes, escolhas minuciosas do autor, do editor e passam a integrar a natureza da obra como um todo. Algo que a leitura vertical, “rolada em bastão”, em uma tela ainda não é capaz de reproduzir ou substituir.

O objeto portátil em que se transformou o livro, o folhear, o ir e vir dos olhos e a própria postura física do leitor permitem uma forma de concentração e desfrute que os meios eletrônicos não conseguem, ainda, proporcionar.

A reprodução de um quadro não substitui uma visita à galeria. As dimensões reais de um quadro, as cores empregadas, o vigor das pinceladas não se transportam a outro meio.

Isto tudo não é uma mera questão subjetiva de gosto. É uma questão de formação. As experiências precisam ser reais, palpáveis, físicas e não deformadas, reformatadas...

Minha preocupação não é a sobrevivência da indústria cultural, dos seus meios de exploração e reprodução. Importa-me a sobrevivência do autor, do ser criativo e do seu diálogo com o outro (todos nós).

Talvez estejamos prestes a presenciar uma grande mudança nos meios de produção da arte. Um movimento, que não é novo, parece apontar uma tendência para que o artista seja autônomo, independente.

Fenômenos mundiais, grandes nomes nacionais, mitos e lendas da cultura de massas continuarão a ser ídolos, referências de um já quase passado.

O artista provavelmente voltará à sua aldeia, tentará ser conhecido, reconhecido pelos seus e, se tiver sorte, pelas aldeias vizinhas... retecendo sua própria rede...

“O anel que tu me destes
era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou”.




Indicações para leitura:

CASHMORE, Ellis. ...e a televisão se fez! Tradução Sonia Augusto. São Paulo: Summus, 1998.
COSTA, Antonio. Compreender o cinema; tradução Nilson Moulin Louzada. São Paulo: Globo, 2003.
EMERICK, Geoff. HOWARD, Massey. Here, There and Everywhere: my life Recording the music of The Beatles. New York: Gothan Books, 2006.
MILLER, Jonathan. As idéias de McLuhan; tradução Octanny Silveira da Mota, Leônidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, 1982.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz: A “literatura” medieval; tradução Amálio Pinheiro, Jerusa Pires Ferreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.


Conheça um pouco mais o trabalho do autor:

Escritor e professor universitário, César Magalhães Borges desenvolve um trabalho literário, desde 1980, que envolve poesia, contos, crônicas, canções, roteiros para teatro e histórias infantis.

Autor independente, César já lançou os livros:

- Passagem (poemas e crônicas) - 1985
- Contrastes (poemas) - 1987
- Canto Bélico (poemas) - 1994
- Bolhas de Sabão (infantil)- 1998
- Ciclo da Lua (poemas)- 1999
- Três Acordes (infantil)- 2003
- Folhas Soltas (poesia incidental)- 2006

Visite nosso site:

Facebook

Estamos também no facebook!!!